Cultura

ESPOSA DO LOBISOMEM DE SERRINHA QUER ERGUER FÁBRICA DE JUREMA MIMOSA

Dona Ester Loura quer transformar Serrinha na Paris do século XXI com sua indústria de rejuvenescimento
Lobi da Serra , da redação em Salvador | 13/09/2019 às 14:03
Jurema e seus poderes afrodisíacos
Foto: DIV
   Estava vendo o programa do Ratinho, na última segunda, que adoro com aquelas bailarinas e os calouros em cantoria quando minha querida consorte cochichou no meu pé do ouvido que iria empodeirar-se e abrir uma empresa aos moldes da Jequiti, do Sílvio Santos, quiçá da Avon, para vender produtos de beleza e rejuvenescimento.

   Só não caí do sofá porque conhecendo como conheço a Ester Loura, minha querida 'love', tudo é possível na sua cabeça ainda mais, agora, com minha neta crescendo, tornando-se adulta e falando em empoderamento, direitos humanos e novas tecnologias, o que deve ter mexido ainda mais na cabeça da 'coroa'.

   Bebia um gole de malbec e mordia um rabo de tatu com pimenta mexicana e não opinei de pronto apreciando que estava a ouvir um cantor veterano que mandava bem um Nelson Gonçalves a meu gosto. 

   Ester insistiu: - Ouviu o que lhe falei seu surdo? - repetiu em voz mais alta soletrando sua nova intenção: - Vou ins-ta-lar uma indústria na Serra, de produtos para re-ju-ve-nes-ci-men-to.

   Levantei o olhar, sorvi mais um gole do malbec e respondi: - Tem o meu apoio desde que seja um negócio viável como são os que vosmincê citou lembrando a nobre que, por detrás da Jequiti e da Avon existem grupos empresariais fortes, bem estruturados e nós somos uns 'quebrados', gargalhei de forma discreta.

   - Quebrado pode ser você. Eu não. Tenho minha poupança, minhas aplicações finaceiras, sei movimentar meus pauzinhos políticos e empresarias, levantar fundos financeiros, daí que tenho certeza no êxito do meu negócio.

   - Por curiosidade pretende produzir que tipos de produtos e qual marketing usará nas vendas? - questionei pra provocar.

   - Isso são segredos que não vou lhe revelar agora, mas, já temos o nome da indústria, eu e minha neta bolamos algo bem local e ao mesmo tempo universal, obtemperou.

   Balancei a cabeça como se fosse uma brincadeira, uma gozação e Ester soltou o verbo: - Vai se chamar REJU Indústria Tamboatá. E já temos até slogan: Melhor não há. E, um produto que será nosso 'carro chefe' a loção Tamboatino que faz velho virar menino. 

   - Taí essa eu gostei porque se fizer efeito, eu que já estou beirando os 282 anos de idade, voltar aos meus 27 no alvorescer do apeite sexual vou ser o primeiro cliente, frisei tomando mais um gole do malbec.

   - Teremos este e outros produtos, alguns já em teste num laboratório experimental que montamos no bairro do Cruzeiro que são sensacionais, um Superviton e perfumes produzidos a partir da jurema muito melhores do que os franceses do pau rosa da Amazônia, completou falando com a voz empostada.

   Minha neta interveio: - E, eu, que agora estou me empodeirando, cuidarei do marketing nas rádios locais, na Hollywood e na FM Galega, uma vez que não temos televisão, usaremos as redes sociais e um grupo de vendedoras escolhidas a dedo.

    - Nossos técnicos estão prestes a produzir um perfume com folhas de jurema mimosa para estimular sonhos afrodisíacos, unissex, que vai provocar uma revolução entre as mulheres e os mans, igual ao chá dessa planta que os pajés tupis brasis ofereciam em suas cerimônias quando acá chegaram os portugueses para colonizar o Brasil.

   - E onde pretendem instalar essa indústria e qual a tecnologia que usarão?, avancei na conversa.

   - Vamos instalar no Centrto Industrial da Serra, o CI Serra, já estamos analisando uma área, eu e nossos sócios, Jorge CUC, Ruy Mamoeiro e Alírio Vermelho e certamente iremos contar com o apoio do secretário Leão, da SDE, o qual em sendo do PP já cooptou o nosso alcaide e prometeu - é o que dizem - alavancar o CI-Serra, completou Ester.

   - Faltou falar, minha avó, que usaremos tecnologia sustentável com respeito à natureza, energia solar, robótica, em prédio que será projetado pela arquiteta italiana vanguardista Victoria Miglionini.

    - Se vocês ficarem na conversa de políticos vão dançar no coreto da praça, catimbei.

    - Você é um pessismista. O CI-Serra vai ser uma realidade. O governo de Pindorama está duplicando a BR, grandes atacadistas já estão se instalando em nossa city, já veio o Passaí e agora vem um grande grupo mineiro, daí que a Reju Tamboatá nascerá forte com um mercado promissor à frente, aduziu Ester.

    - Além disso, completou minha neta, o sapiens está vivendo mais, as minas estão a cada dia mais vaidosas e se tem uma coisa que não vai cair nunca é produto de beleza, é produto de rejuvenescimento. Até aquele apresentador, o Sílvio Ramos, vai comprar, disse a jovem.

    - Pelo visto, pretendem ganhar o mundo, ironizei.

    - Sem dúvida, nosso passo inicial será a Serra, depois a região do Sisal e Feira de Santana, adiante Salvador e Rio/SP e chegaremos, com fé em São Joaquim, em Pequim, proclamou Ester destacando que Serrinha, pela primeira vez em sua história, terá uma marca mundial como a espanhola Zara, a alemã Volks, a italiana Ferrari e a francesa Dior.

    - Vamos brindar abrindo outro malbec pro velhinho, sugeri.

    Ester reprovou: - Quando abrirmos a primeira fábrica brindaremos, disse em tom pouco animador.

    Minha neta, que não é sopa, comentou comendo umas semetinhas de abóbora torradas: - O 'véi' vai murchar nesse sofá, igual a maracujá no sol, esperando por esse novo malbec.