Cultura

EXPOSIÇÃO DE MARIO CRAVO JÚNIOR: 70 ANOS DE INDIVIDUAIS DO ARTISTA

EXPOSIÇÃO DE MARIO CRAVO JÚNIOR NA PAULO DARZÉ GALERIA



Claudius Portugal , Salvador | 16/10/2017 às 17:29
Mário Cravo Jr 94 anos de idade
Foto: DIV
  Com uma vitalidade sem paralelo na arte brasileira, aos 94 anos de idade, Mario Cravo Júnior é um dos pioneiros da arte moderna na Bahia e um dos grandes artistas brasileiros do século XX.  Neste ano de 2017, está comemorando setenta anos de exposições individuais. 

As primeiras mostras, foram duas, aconteceram em 1947 (“Mario Cravo Júnior Expõe”. Edifício Oceania. Salvador/BA e “Mario Cravo Esculturas e Desenhos”. Associação de Cultura Brasil-Estados Unidos (ACBEU). Salvador/BA). Para festejar esta data a Paulo Darzé Galeria apresenta dia 26 de outubro, das 19 às 22 horas, uma exposição reunindo 70 esculturas em dimensões variadas, tendo como título Cabeça de tempo, reunindo trabalhos em madeira e ferro, centrados na temática do título, que nos mostram durante este percurso as inovadoras soluções plásticas e as múltiplas formas de expressão que o artista engendra.
 
O livro da mostra traz textos dos artistas Vauluizo Bezerra:“Talvez este sentimento que me refiro seja algo pessoal meu, mas insisto em afirmar, que por tudo que tentei descrever sobre o uso da arte por Mario Cravo Jr., como um instrumento socializador, com uma função de estender uma compreensão sobre as questões identitárias que lidamos, sobre seu interesse em elucidar formalmente as especificidades baianas com a universalidade apregoada pela modernidade, estas cabeças cumprem um rito de passagem de uma emancipação de uma arte moderna genuinamente baiana”; E Caetano Dias: “O que afeta continua a nos tocar na obra de Mario Cravo. Desse modo nos dando sentido ao que nos faz povo em nossa cultura mestiçada em cada fragmento de madeira do antigo mercado de não mercadorias com “tanto negócio e tanto negociante”. Os fluxos de forças que sentimos e continuamos a sentir, como se essas figuras de proa lançassem mares de fogo para nos lembrar de que não podemos esquecer-nos da carne nem do escarnio. Acho que possivelmente a obra de arte tem o poder de confrontar a todos enquanto espelho para estranhamentos no seu reflexo”. 

Nestes setenta anos, e incluindo as coletivas iniciada em 1943, temos sua obra criando objetos, murais, painéis, relevos, desenhos, pinturas, e principalmente esculturas, utilizando tanto a madeira, como o ferro, latão, outros metais, ou a resina de poliéster, fibra de vidro, sucata, metal polido, pedra sabão, pedra grafite, com apropriações, montagens e remontagens, de onde surgem esculturas giratórias, exus, cristos, figuras, móbiles, estando esta é uma arte que vem sendo renovadamente criada, reelaborada em seu senso táctil, sem dependência temática, referência estilística, mas de intenso relacionamento com o mundo e as pessoas por sua experiência da forma e de intensa vitalidade e criação.

Mario Cravo Júnior nasceu em Salvador, Bahia, no dia 13 de abril de 1923, estudou nos Estados Unidos, Universidade de Syracuse, trabalhou em Nova Iorque, viveu e realizou exposições na Alemanha, como “Artists in Residence” pela Ford Foundation. Representante do Brasil na XXX Bienal de Veneza, como escultor convidado, e na IV Exposição Internacional da Escultura Contemporânea no Museu Rodin, Paris-França, ganhou prêmio na I Bienal de São Paulo, participou da XXVI Bienal de Veneza, da IV Exposição Internacional de Escultura Contemporânea no Museu Rodin, Paris, 1ª Exposição Bienal Internacional de Gravura de Tóquio, da I Bienal Nacional de Artes Plásticas, em Salvador, com sete esculturas criadas na proporção do claustro do Convento do Carmo, formulação até aquele momento inovador em conceito e forma, nas suas peças medindo de três a sete metros de altura. Entre as suas premiações ainda: 2º Prêmio do 3º Salão Baiano de Belas Artes (1951); 3º Prêmio da 1ª Bienal de São Paulo/1951; 1º Prêmio do 2º Salão de Arte Paulista de Arte Moderna/1952; 2º Prêmio da 3ª Bienal de São Paulo/1955; 2º Prêmio da 1ª Exposição de Arte Sacra da Pontifícia Universidade Católica do Brasil, Rio de Janeiro/1956.

Desde o início de sua trajetória Mario Cravo Júnior realiza desde trabalhos em locais públicos, experimentando um contato direto de sua arte com o público, através de inúmeras obras urbanas, esculturas de grande porte e murais, nas muitas obras em ruas, praças e avenidas, edifícios públicos e empresariais, mas também realizando mostras em museus, com trabalhos nos acervos dos Museus de Arte Moderna de Nova Iorque, Jerusalém, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Pampulha em Minas Gerais; Museu de Arte de Jerusalém, Rio Grande do Sul, Bahia, Feira de Santana, São Paulo; Pinacoteca do Estado de São Paulo; Museu Afro Brasil; Fundação Armando Alvarez Penteado; Museu Chácara do Céu – Fundação Raymundo de Castro Maya; Museu de Arte Sacra da Bahia; Museu da Cidade do Salvador; Museu de Antropologia da Bahia; Núcleo de Artes da Desenbahia; e no Museu Hermitage (Rússia) e Walker Art Center (Minneapolis/Estados Unidos).

Iniciando a expor individualmente em 1947 (“Mario Cravo Júnior Expõe”. Edifício Oceania. Salvador/BA e “Mario Cravo Esculturas e Desenhos”. Associação de Cultura Brasil-Estados Unidos (ACBEU). Salvador/BA), e coletivamente em 1943 (“VII Salão ALA”. Biblioteca Pública. Salvador/BA), realizou na sua trajetória mostras em galerias de várias cidades brasileiras e do exterior (New York, WashingtonDC, Minneapolis,  San Francisco, Colorado, St. Louis, nos Estados Unidos; Berlim, Munchen, Bonn, na Alemanha; Zurique, Berna, Neuchâtel, na Suiça; Santiago, Chile; Paris, França; Tokio, Japão; Madri, Espanha; Oshogbo, Lagos, Nigéria; Castellanza, Itália; Lisboa, Guimarães, Portugal; Macau, China; Buenos Aires, Argentina; Panamá, Costa Rica, Guatemala, México e Cuba.

Suas duas últimas mostras foram na Paulo Darzé Galeria. Em 2013, comemorativa aos 90 anos de idade; e 2014, apresentando 41 trabalhos inéditos, em dimensões variadas, esculturas em aço, cobre, bronze e ferro. Cabeça de tempo, 70 esculturas de Mario Cravo Júnior, comemorando os setenta anos de individuais do artista, tem abertura no dia 26 de outubro, e está aberta a visitação pública e gratuita de segunda a sexta, das 9 às 19 horas, e sábados das 9 às 13 horas, na Paulo Darzé Galeria (Rua Chrysippo de Aguiar 8, Corredor da Vitória Salvador Bahia Tel.(71) 3267.0930 (71) 9918.6205 – www.paulodarzegaleria.com.br – paulodarze@terra.com.br).