Cultura

Pedra de Xangô é tombada no antigo Quilombo Buraco do Taru, Salvador

Com informações da Secom/PMS
Da Redação , da redação em Salvador | 04/05/2017 às 18:15
Reverência a Pedra de Xangô
Foto: Valter Pontes
Os tambores e atabaques bateram com mais força nesta quinta-feira (4), em um dos locais sagrados para os representantes dos candomblés em Salvador. Um ato solene oficializou o tombamento da Pedra de Xangô e da área considerada sítio histórico do antigo Quilombo Buraco do Tatu, realizado no próprio local, na Avenida Assis Valente. O evento contou com as presenças do prefeito ACM Neto e do vice Bruno Reis, acompanhados de secretários e gestores municipais, demais autoridades, representantes de religiões de matriz africana e população. A iniciativa faz parte da programação de aniversário de 468 anos da capital baiana.
 
A Pedra de Xangô é o terceiro elemento protegido pela Prefeitura com base na Lei de Preservação do Patrimônio Cultural do Município (8.550/2014). Em discurso, o prefeito salientou a importância da proteção de bens que estão no coração do povo baiano, a exemplo da Pedra de Xangô, ressaltando também que espaços como este precisam de um olhar especial do poder público.
 
“Esta assinatura não será apenas um ato formal, mas ela também renova e fortalece os compromissos da Prefeitura nesta área. A Secis (Secretaria Cidade Sustentável e Inovação), inclusive, já tem autorização para estudar a implantação do Parque Pedra de Xangô, que será mais um ponto de visitação de pessoas de todo o mundo interessadas em saber mais sobre a nossa religiosidade, história e demais aspectos que marcam os traços deste povo”, completou ACM Neto.
 
A presidente da Associação de Terreiros Pássaros das Águas, Mãe Iara de Oxum, agradeceu imensamente à administração municipal por apoiar uma luta que já durava oito anos. “Esta é a história de um povo. A luta pelo tombamento foi feita junto ao Iphan e ao Ipac e, graças à Prefeitura, veio a proteção do nosso espaço. Obrigada a todos por acreditarem na nossa ancestralidade”
 
Processo – Executado pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), o processo de tombamento foi instaurado a partir das solicitações da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA), da Associação Pássaros das Águas e da Câmara Municipal de Salvador. A ação segue a definição da Lei 8.550/2014, que entende que o “Patrimônio Cultural, para fins de preservação, é constituído pelos bens culturais cuja proteção seja de interesse público, pelo seu reconhecimento social no conjunto das tradições passadas e contemporâneas no município de Salvador.”
 
Com isso, o mérito etnográfico da Pedra de Xangô foi levado em consideração, devido ao culto realizado ao longo dos anos pelos adeptos do candomblé, que ali reverenciam e devotam oferendas ao orixá Xangô, deus do raio e do trovão e considerado representante da justiça. A diretora de Patrimônio e Humanidades da FGM, Milena Luisa Tavares, acentua no parecer que o tombamento se justifica também pelo valor dos remanescentes naturais locais (massa verde e manancial hídrico), que servem de moldura para a Pedra de Xangô.
 
O presidente da FGM, Fernando Guerreiro, afirma que o tombamento do local reconhece uma crença. “Esta ação empodera um povo, faz justiça a uma reivindicação. Salvador ganha um marco identitário que reforça a própria história e tradição. Cajazeiras ganha um espaço para se estruturar e desenhar uma fisionomia própria. Parabéns a todos os envolvidos que se empenharam numa luta sem trégua. Agora é pensar no futuro e potencializar essa pedra como marco de luta e resistência".