Bahia

Idioma usado no candomblé é tema de curso inédito em Feira de Santana

Com informações da Secom PMFS
Da Redação , da redação em Salvador | 11/07/2019 às 17:53
instrutor africano Franck Jeannot Gnonhoue
Foto: Secom

Uma palavra em iorubá tem diferentes significados, a depender da acentuação e do tom em que é pronunciada. O idioma, utilizado principalmente em rituais do candomblé, é tema de um inédito curso em Feira de Santana. A Prefeitura Municipal, através do Departamento de Turismo, da Secretaria do Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico, apoia a iniciativa do sacerdote Alex Sandro de Jesus, o Babà Jafuran. Também colabora com o I Curso em Iourubá a Unilab (Universidade de Integração Internacional Lusofonia Afro Brasileira).

O objetivo é reduzir a dificuldade no uso do idioma entre os adeptos da religião de matriz africana. Na noite desta quarta-feira, 10, foi realizada a segunda aula – a primeira aconteceu no dia 3, quando os alunos foram recepcionados.  O curso será realizado nos próximos dois meses e meio, sempre às quartas-feiras, no auditório do Mercado de Arte Popular (MAP).

As aulas estão sendo ministradas pelo estudante Franck Jeannot Gnonhoue, do país africano Benin. Há seis meses,  está morando em São Francisco do Conde, onde estuda no campus dos Malês.

O curso terá carga horária de 20h. A previsão é de que o segundo módulo seja realizado em outubro – para isso vai depender que vinte dos trinta inscritos participem das aulas desse primeiro módulo. Os participantes receberão certificados ao final do curso.

Acentuação aguda e entonação alta

O instrutor africano Franck Jeannot Gnonhoue  herdou o iorubá da mãe. Segundo ele,  esse é um idioma difícil, uma vez que se trata de língua tonal – a depender da pontuação e do tom em que ela é emitida, o seu significado é modificado.

Jeannot deu início ao curso destacando as letras do alfabeto – a língua ioruba é constituída de 25 letras – e explicando a acentuação aguda (entonação deve ser alta) e grave (indica entonação baixa).  

Candomblé é “religião oral”, diz Mãe Graça

A coordenadora regional da Federação Nacional de Culto Afro Brasileiro, Maria das Graças Ferreira, a Mãe Graça , considerou a realização desse curso como “um marco”. “O ioruba é uma língua muito falada no candomblé, mas ainda há muita dificuldade na tradução de palavras e frases”.

Segundo ela, o candomblé é uma religião oral em que o saber é repassado de pai para filho. “Aprendemos o que nossos pais nos repassam oralmente, mas sem o domínio do conhecimento gramatical. Através desse curso vamos aprender o significado das palavras e a sua escrita”, acrescentou Mãe Graça ressaltando que “às vezes uma palavra tem vários significados a depender da forma em que recebe a acentuação”.

Iorubá “arcaico” predomina em Feira

Idealizador do curso, Babà Jafuran ressaltou que em Feira de Santana predominam terreiros cujos adeptos falam o iorubá arcaico. “É importante essa atualização para que possamos ter o conhecimento sobre a língua”, considerou.

Curso é parte de projeto de extensão universitária

Também presente nesta segunda aula, o coordenador da Universidade de Integração Internacional Lusofonia Afro Brasileira (Unilab), Denílson Santos, destacou que o curso faz parte de um projeto de extensão da instituição, cujo objetivo é difundir o conhecimento e os aspectos da diversidade africana.