Bahia

CANDEIAS EM COMOÇÃO: Corregedoria da PM apura morte do pintor Nadinho

Com G1 e Candeia Mix
Da Redação , Salvador | 22/04/2018 às 18:48
Moradores de Candeias saíram às ruas em protesto
Foto: Anna Valéria
  Os moradores de Candeias, na RMS, estão em estado de choque com a morte de Arnaldo Filho, o artista plástico Nadinho, diante ação da PM. Neste domingo realizam uma caminhada e lotaram a missa de corpo presente realizada na igreja.

  A Polícia Militar alegou que ele portava um revólver e disparou contra a guarnição, da janela de casa, mas a arma falhou. A Corregedoria da instituição apura o caso. Nas redes sociais, vários moradores da cidade manifestaram pesar e revolta com a morte. A comunidade Nossa Senhora Virgem dos Pobres, da paróquia da Nossa Senhora das Candeias, e a prefeitura da cidade divulgaram notas de pesar contra o crime.

"Agradecemos imensamente o tempo que pudemos conviver com ele em comunidade, que será sempre lembrado pelo profissionalismo, honestidade, lealdade, inteligência, competência e sensilidade", diz um comunicado no Facebook.

"Nadinho teve sua vida interrompida de forma brusca, mas sua história não se apagará. Há pouco tempo, em um bela exposição na praça, retratou através de suas mãos a história de nossa cidade, como visto neste quadro abaixo, da estação, e que fazemos questão de homenagear", afirma o comunicado da prefeitura no perfil oficial também do Facebook, que postou fotos da exposição do artista.

Em depoimento ao G1, a sobrinha de Arnaldo, Scheila Alves do Santos da Hora, disse que o tio estava em casa, desenhando, quando teve a casa invadida por policiais.

"Por volta das 20h de ontem [sábado, 21], teve um arrastão na Rua 13 de maio e invadiram casas de pessoas para procurar suspeitos. Meu tio é artista plástico e estava desenhando. Ele estava dentro, com a casa fechada. Na visão dos policiais, tinha um suspeito dentro da casa. A polícia já chegou atirando. Meu tio tem 61 anos, não tem nenhuma passagem pela polícia. É conhecido por toda a cidade e a cidade está mobilizada com esse fato", lamenta.

Ela afirma que o tio dela não tem arma e que os policiais teriam atirado mesmo sob protesto dos vizinhos. "Os moradores gritaram dizendo que ele era um homem de bem e atiraram", diz. Depois de baleado, o artista plástico chegou a ser levado para uma unidade médica, mas não resistiu aos ferimentos.

Versão da PM

Versão da PM
Em nota, a PM afirmou que a morte aconteceu no bairro Santo Antônio por volta das 20h após equipe de militares da Operação Força Tática no município de Candeias receberem um chamado através do Centro Integrado de Comunicação (CICOM) informando que um homem havia invadido uma residência no bairro.

“Ao chegarem no endereço informado as equipes policiais bateram à porta do imóvel e identificaram-se como policiais militares, contudo o homem que apareceu em uma das janelas recepcionou os policiais empunhando e apontando uma arma de fogo contra os integrantes das guarnições e, segundo o relato dos próprios policiais, teria acionado duas vezes a tecla do gatilho da arma, mas a munição teria falhado. Frente a iminente ameaça, os policiais alvejaram o homem com dois disparos, um atingiu o braço e outro o tórax”, afirmou a PM, em nota.

A família nega que isso tenha ocorrido. “Eles entraram na casa e plantaram uma arma. Ainda disseram que meu tio tinha pólvora na mão, mas ele não atirou. Era um homem de bem que não tinha nenhum envolvimento. Ele morava nessa casa desde pequeno”, complementa o sobrinho que, junto à outros familiares, pretende denunciar a ação policial.

A PM informa que após Arnaldo ser baleado pelos militares ele chegou a ser levado para o Posto de Saúde da Cidade de Candeias, onde o médico plantonista atestou o óbito.

“A arma utilizada pelo homem e apreendida após a ocorrência era um revólver calibre 32 com seis cartuchos, sendo dois percutidos e não deflagrados e quatro intactos. A Corregedoria da PMBA esteve no local e lavrou o procedimento inicial baseado na versão dos integrantes das guarnições e já instaurou um Inquérito Policial Militar para colher outros elementos de prova para a elucidação técnica de toda a ocorrência. O prazo para a apuração do procedimento é de 40 dias prorrogáveis por mais 20”, destacou a PM.