Bahia

Rituais de índios Fulni-ô encantam crianças da rede municipal de Lauro

Rituais de índios Fulni-ô encantam crianças da rede municipal de Lauro de Freitas
MC , Salvador | 20/04/2018 às 19:08
Atividades especiais em escola de Lauro de Freitas
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As crianças da rede municipal de ensino de Lauro de Freitas participaram de atividades especiais e inéditas para comemorar o dia do Índio. Os pequenos estudantes que cursam o fundamental 1 e 2 visitaram na tarde desta quinta-feira  (19), a Reserva Thá-Fene, localizada em Quingoma – zona rural da cidade – e conheceram de perto os costumes e ritos das tribos Fulni-ô e Kiriri-Xocó, que esbanjaram cordialidade e simpatia aos visitantes e encantaram adultos e crianças com seu artesanato, danças e cantos.

Sentados em esteiras de palha, os alunos aprenderam que cada tribo pinta seus corpos de maneira peculiar e que cada traço desenhado tem um significado. O jovem líder dos índios Fulni-ô de Pernambuco, Doiá, falou ainda sobre as canções entoadas há gerações na aldeia. “Nós enaltecemos a natureza, a Deus, aos astros. Pedimos forças aos nossos ancestrais para permanecer em nossa missão”, disse ele ao lado dos seus irmãos. Todos estão passando uma temporada na cidade para estudar com o objetivo de retornar à tribo com novos ensinamentos.

De acordo com a professora doutora em educação, Débora Fontes, a Reserva é um abrigo para os jovens índios, “uma casa para que eles possam descansar quando retornam dos seus cursos de graduação ou pós graduação”, disse. Entusiasta da educação, a catedrática contou que o espaço foi doado por sua família aos indígenas com esta finalidade em 1992. “Nos presenciamos a luta deles. Vinham de longe para estudar. As aldeias eram formadas por professores brancos, hoje os próprios índios estão lecionando para os seus”, contou.

Os olhos concentrados dos pequenos revelavam o encanto por estar frente a frente com os povos originais do Brasil. Para Lara Inês, 7 anos, a vivência tornou real algo que ela, até então, só conhecia dos livros. “Eu estou muito feliz por conhecer os índios de perto. Eu achei que eles fossem diferentes de nós, mas na verdade somos muito parecidos”, contou ela se referindo aos costumes passados aos não índios, como furar orelhas, dormir em redes e se alimentar de raízes. Para Clara Souza, 6 anos, saber que índios estudam em faculdades foi uma surpresa. “Eu achei que eles só vivessem em florestas, mas descobri que não é bem assim”, falou.

Em Lauro de Freitas, as comemorações pelo dia do Índio seguem até o próximo final de semana. Neste sábado (21), na Reserva, terá lugar uma das mais esperadas festividade das tribos denominada Dança da Onça, às 19h. A entrada é um quilo de alimento não perecível que servirá de mantimento para os estudantes indígenas durante sua estadia na cidade.