Bahia

LAURO: Mobilização contra abuso sexual infantil é marcada por ações

Com informações da ASCOM PMLF
Da Redação , Salvador | 19/05/2017 às 13:02
Música e cidadania
Foto: JR

ao som de canções da Música Popular Brasileira (MPB), entoadas pela Fanfarra da Escola Municipal Solange Coelho, as mobilizações pelo Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes em Lauro de Freitas foram abertas, na última quinta-feira (18), com palestras, peças teatrais e dança no intuito de levantar a bandeira da campanha encabeçada pelo Conselho Tutelar (CT), com o apoio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania (SEMDESC), com o tema “Esquecer é permitir, lembrar é combater”.

No palco do Cine Teatro, Gabriel Araújo, aluno da Escola de Vila Nova de Portão, emocionou o público ao cantar o louvor “Deus é Deus”. O garoto faz parte das ações socioeducativas inseridas na unidade no turno oposto às aulas regulares. Em seguida o grupo de adolescentes DançArt, da Itinga, apresentou uma coreografia baseada na música “O Seu Corpo é um Tesourinho”, que compõe o projeto de prevenção aos abusos infantis da Campanha Nacional “Faça Bonito”.

De acordo com o conselheiro tutelar Cleiton Carlucho, o CT atende em média 400 pessoas por mês, desses casos 20% é referente a abuso sexual. “Em muitas situações a família reluta em acreditar que um parente ou vizinho esteja praticando violência sexual contra sua criança. Mas vocês também podem contar com a gente, no CT vocês estarão protegidos. Se alguém fizer um carinho diferente em você, algo que não é agradável, que causa dor, vergonha, medo, denunciem”, alertou.

Sob a meia luz do teatro, jovens encenaram relatos verídicos de abusos. “Eu tinha cinco anos quando meu padrasto começou a me tocar e dizer coisas diferentes, coisas que não são de pai para filho. Um dia, quando minha mãe não estava em casa ele me levou para o quarto e me molestou. Num lapso de momento, minha mãe chegou e presenciou a cena, ela denunciou o meu padrasto e hoje ele está preso”. Em outra narração uma menina contou que o abusador era amigo da família e aproveitou uma oportunidade a sós com a criança para cometer o crime. “Os relatos não aconteceram com esses jovens, eles são atores, mas acontecem a cada segundo em todo Brasil”, disse a conselheira Valdeci Menezes.

Na plateia, alunos de várias escolas de Lauro de Freitas assistiam atentos à palestra sobre “Como não se calar sobre os abusos sexuais”, ministrada pela psicóloga Olivia Valente, das Aldeias Infantis SOS. A explanação ensinou as crianças e adolescentes a identificar tipos de violência, o que são áreas íntimas do corpo e o que fazer caso esteja sendo vítima de abusos. “Vocês que estão ouvindo aqui hoje serão multiplicadores nas suas escolas e bairros, vamos passar para as outras pessoas que exploração sexual e abuso infantil é crime”, enfatizou ela e fez um alerta “Não aceitem nada de estranhos, recusem propostas e denunciem qualquer forma de contato com conotação sexual”.

Arrancando sorrisos do público que interagia com animação, as traquinagens do personagem Quinzinho encenado por Tobé Veloso, do Poló de Atores, contava com leveza o relato verídico vivido pelo jovem “Joaquim”. Na apresentação o menino alegre e extrovertido era convencido pelo tio, irmão de seu pai, a ir até a sua casa brincar com presentes que ele tinha comprado para a criança. Depois do abuso, Quinzinho mudou de comportamento, se tornou uma criança chorosa e triste. Ao contar para seus pais não encontrou apoio em sua família que não acreditava que um parente poderia ter cometido esse crime. “Contem com o apoio do CT, em todos os momentos”, disse o ator ao final.

A secretaria da SEMDESC, Huldaci Santana, reafirmou o compromisso da pasta com o assunto e chamou a sociedade para estar alerta e engajada nesta luta. “Nós temos um sistema de garantias para a segurança de vocês. Estamos aqui para defender e assegurar que seja cumprido o que está inserido no Estatuto da Criança e do Adolescente”, disse.

Em Lauro de Freitas, a sede do Conselho Tutelar funciona na Praça da Matriz, no Centro. Através do disque 100 denúncias de abuso contra menores podem ser feitas com a garantia do sigilo da identidade. Os conselheiros Cleiton Araújo, Valdeci Menezes, Cinde Fátima, Cláudio Lima e Jocimar Daltro trabalham em escala de plantão aos finais de semana.