Coronavírus, conspirações, Oscar e cerveja , Por Samuelita Santana

Samuelita Santana
02/02/2020 às 10:39
Pensando aqui com meus botões até que ponto nós, seres mortais de todas as partes do mundo, sabemos de fato o que ocorre em nosso próprio quintal. Deixando de ladinho a mania de teorizar conspirações (só de ladinho) e até fingir que a gente nunca leu e nem creu em nadica de nada do que contam a respeito da Elite Global e sobre a assombrosa possibilidade de estarmos agindo e reagindo como humanos-robôs conduzidos e manipulados pelas "brilhantes" mentes dos que se unem  estrategicamente para dominar pessoas, nações e mundo, será que dá realmente para acreditar que sabemos de tudo ou temos infomações reais dos fatos da forma como ocorrem?

Afinal, a China vem sendo um pé no saco de muitos PODERES que não querem apagar suas bélicas e arrogantes estrelas. Passar o bastão da economia e da geopolítica hegemônica, então, nem pensar! Ao mesmo tempo, fazer dessa conjuntura um perverso thriller de sabotagem, guerra química e matança de inocentes é demais da conta. Ou será não?
 
Há quem garanta que o coronavírus é arma biológica. A Rússia por exemplo, toda esperta, desconfia que o coronavírus - conhecido como 2019-nCov - pode ser arma projetada pelos EUA para sabotar a China. Como pano de fundo, a guerra comercial EUA X China.  E os apaixonados pela conspiração apostam que é isso mesmo. Tem até imprensa toda antenada afirmando que membros da Comissão de Armas Químicas e Biológicas da ONU declararam que a variante do coronavírus foi produzida por mãos humanas. Vamos sublinhar isso aí?

O trágico é que o surto que até hoje já causou 430 mortes na China, exatamente na província de Hubei, epicentro da epidemia,  mais 10 mortes em outros locais do país, além de infectar 11.177 só em Hubei e um total de 16,5 mil em toda a China. A sua marca letal, dizem apresentadores televisisvos com aquele ar pseudo-prudente de "não vamos entrar em pânico", é bem baixinho se comparado com o outro vírus que assolou a China nos anos 2002/2003, o SARs. Apenas 2,19% enquanto a letalidade do SARs atingiu 10,87%, afetando 5.327 pessoas e matando 774 delas no mundo. 349 só na China. Ôpa! Consolo!

Consolo temporário? Porque restrito o vírus já provou que não está, apesar do imposto isolamento chinês. Pulou fronteiras, fez uma vítima fatal nas Felipinas e espalha-se mais rápido que o SARs. Os casos suspeitos de infecção estão registrados em mais 25 países que já acumulam mais de 150 casos, incluindo os EUA, o que levou a OMS a decretar estado de emergência de saúde pública internacional. 

E surge a dúvida: infectados nos EUA? Teóricos conspiradores da assertiva russa diriam: efeitos colaterais! E haja reflexões, maluquices e fake news se espalhando igual fogo no palheiro e produzindo versões de comilanças chinesas de morcegos, cobras e outros bichos silvestres e peçonhentos. Se isso é cultura gastronômica de uma nação que passou fome lá pelos idos de Mao Tsé Tung, pouco importa. Importa para os que querem culpalizar é que os bichos comidos viraram coronavírus.

Democracia em vertigem

Mas o cinema e a tecnologioa estão na mira e os analistas do caos não deixam por menos. Tem gente se reportando ao hollywoodiano Contágio, filme de 2011 de Steve Soderbergh que traz inúmeras semelhanças com o cenário do coronavírus, inclusive o de ser originário numa provícia da China. 

Deleite para os afccionados da teoria da conspiração que passam a incluir a China no balaio dos chamados RAVs: russos, árabes e outro inimigos dos EUA, bem típicos dos filmes de Hollywood. E o que não dizer de American Factory (Indústria Americana), favoritinho do Oscar 2020 que trata justamente das relações entre os EUA e China? 

O documentário bancado pela produtora de Barack e Michele Obama narra a saga de trabalhadores de uma fábrica GM, em Ohio, que fechou e foi adquirida por empresários chinêses, desenhados como capitalistas vorazes que forçavam um ritmo de trabalho explorador aos operários americanos. Esses, retratados como figuras socialistas, procupados com os direitos trabalhistas e criação de sindicato. Levando o peso da assinatura dos Obama o documentário exibe ares de quem vai arrebatar a estatueta e deixar a " Democracia" de Petra Costa, literalmente, em vertigem.

E entre o surto, ameaça de pandemia, ficção e realidade, os chineses resistem e sonham com a volta por cima. Nem que seja através do tal aplicativo de jogo Plague Inc. que passaram a consumir freneticamente nos últimos dias e onde os jogadores criam um vírus mortal e o transformam em pandemia global antes que os cientistas encontrem a cura. Ainda bem que é só um game. Mas, diante de tudo isso e antes que a nossa mente comece a produzir luzinhas de medo piscando em direção ao fim da humanidade, o melhor que temos a fazer para aliviar tensões e dilatar os vasosconstritores, é nos servir de uma cerveja gelada. De preferência, Corona. Bem mexicana e sem dietilenoglicol!