DE MONSTRENGO EM MONSTRENGO a cidade fica apavorante

Miltom Cedraz
26/12/2016 às 14:34
   Em diversa ocasiões se tem abordado sobre as necessidades mais urgentes de Salvador. 
Entretanto, aquelas que poderiam redirecionar a cidade e todo o município, para melhoria de qualidade efetiva de vida e retomar seu aspecto bucólico e saudável, estão longe de serem conseguidas. 

   De qualquer forma, aproveitando o momento de troca de secretários, embora na essência nada mude, o novo/velho governo municipal, por assim dizer, poderia trocar a maquiagem que vem fazendo, por algo mais consistente em matéria de desenvolvimento e qualificação urbana. 

   Já que não teve forças, se é que assim pensava, para evitar esse monstrengo, que incomoda quem passa pela Avenida Paralela, que é o metrô, deve-se propor e brigar por uma linha de VLT que interligue a praia de Ipitanga/aeroporto, prosseguindo pelo cordão da praia até à Barra, antes que se promova uma nova linha de metrô de superfície nesse trecho.
 
   Isso não quer dizer que o metrô não tenha serventia. Muito pelo contrário, tem sim, e muito! 
Mas não precisava brindar a nossa bela cidade com um mastodonte daquela natureza, já que se poderia, sem muito esforço financeiro e de prazo, embuti-lo, uns poucos metros abaixo, sob uma adequada laje de concreto. 

   Imaginem agora, que se venha com uma proposta que, para ser coerente, se implante uma linha de metrô na orla com a mesma concepção da linha da Paralela. Aí seria demais! 

   E essa concepção da linha da Paralela, tem muito a ver com o monstrengo que, anteriormente se implantou, a partir do campo da Pólvora! 

   E nesse caso, não se contentaram com um simples metrô de superfície, fizeram-no elevado! Foi mesmo de amargar!
 
   E de monstrengo em monstrengo, vamos construindo uma nova e apavorante cidade! Fica aí o alerta!
Por outro lado, o nosso centro histórico, que sempre foi e continua sendo gerenciado amadoristicamente, pena para manter-se em pé.
 
  Até o hoje os responsáveis pelo patrimônio histórico,  igreja e governo, não encontraram um adequado modelo gerencial para dar-lhe sustentação financeira. No mundo inteiro se tem exemplos de como isso poderia ser concretizado. 

  Em Praga, por exemplo, se conjugam interesses da igreja com o da música erudita, do trade turístico e do governo. 

  Lá, diariamente, em quase todos os monumentos religiosos e museus têm um evento musical ou cultural pago. 

   Enquanto aqui, não se dá a menor importância para a realização de eventos pagos, muito menos para a cobrança pela visita a Museus e a monumentos cívicos e religiosos. 

   Pelo contrário, estão sempre fechados em dias e horários nobres. Enquanto lá, nos cascos históricos, postos de atendimento bancário e casas de câmbio, nunca fecham! Questão de profissionalismo! 
Por isso, os casarões, igrejas, museus, etc. vivem mendigando recursos do governo, até para uma simples limpeza ou pintura!

   Volta e meia, a prefeitura anuncia uma atividade que, de forma isolada, pretende fazer, porém, sem guardar coerência contextual do planejamento.
 
  Assim, recentemente os jornais noticiavam que a prefeitura pretende elaborar um Plano de Arborização da cidade. Como os Termos de Referência não são dados a conhecer, assim como se fez com o que chama de requalificação, acaba-se por dar uma melhorada estética sem, contudo, atender a reinvindicações de moradores e de permissionários. 

  Assim aconteceu na Barra, no Rio Vermelho e Itapuã. Neste último, principalmente, critica-se os modelos dos equipamentos urbanos que foram instalados. 

  Fala-se que destoam da realidade local e mesmo da maneira de ser dos baianos.

  Dizem ser quentes e sem segurança para permissionários e usuários. 

   O próprio mercado só possui toaletes na parte baixa, enquanto bares e restaurantes se situam nos pisos superiores. E, assim mesmo, somente abre após ás oito, enquanto barraqueiros e usuários, iniciam sua faina às seis. 

   Não custava nada a prefeitura ouvir, tanto moradores como permissionários dos mais diversos, não só por uma questão de respeito ao munícipe, mas, sobretudo para proporcionar uma integração maior entre o público e o privado, como vem, de forma acertada, tentando praticar as políticas públicas municipais atuais.
 
  Mas, nunca é tarde para se ouvir as pessoas, desde moradores, transeuntes, turistas e, em especial, antigos proprietários de bares, restaurante e negociantes, em geral e em seguida se efetuar os ajustes necessários.
 
  Melhor seria que se debatesse antes, para que, em alguns casos, não se fique na casa do sem jeito! 
Quanto ao futuro Plano de Arborização, seria salutar elaborar-se um inventário botânico e adotar-se uma tecnologia vegetal que atenda às características do nosso clima, tanto com relação às espécies e variedades a serem implantadas, quanto a sua finalidade, isto é, sombra, floração, minimização de podas, adequação climática, etc. 

  Afora as técnicas de plantio de arbustos e árvores no meio urbano, quando se tem que levar em consideração seu posicionamento no logradouro quanto a sombra, fiação aérea, passeios, etc.
 
  Em especial, técnicas de plantio, para que no futuro, passeios não sejam danificados pelas raízes e assim por diante.
 
  É bom lembrar que não basta definir aleatoriamente que se vai arborizar um logradouro com coqueiros, por exemplo.
 
  É preciso definir-se que variedade é a mais adequada. 

  Por isso é comum se ver coqueiros transplantados que não se desenvolvem. Principalmente de mudas de coco anão, plantadas, para arborização da orla! 

  Para finalizar, embora a lista das melhorias de que Salvador precisa seja extensa, é imprescindível e urgente, principalmente, diante do caos que ainda é o nosso trânsito, a elaboração e implantação de um projeto de sinalização horizontal e, principalmente, vertical, consistente, feito por profissionais de respeito! 

  O que existe, além de denotar amadorismo e incompetência, não orienta sequer, os soteropolitanos, quanto mais os incautos visitantes que por aqui se atrevam dirigir. 

  A sinalização, às vezes ridícula, para os estranhos, nada esclarecem. 

  A sinalização indicativa nos cruzamentos, quase não existe. E, quando existe, é minúscula e mal posicionada.  

  Uma sinalização vertical bem feita denota o grau de civilização de uma cidade, além de, por si própria, alardear a qualidade da sua administração.
 
  No nosso caso, só para dar um minúsculo exemplo, chega a ser criminosa a incompetência de quem projetou, de quem implantou e de quem mantém uma agulha que serve também de divisa das pistas da Paralela para as laterais de acesso à Avenida Pinto de Aguiar. 

  Ali deve se ter registrado dezenas de acidentes, já que está sempre danificada. Para resolver, basta encurta-la, colocar sinalização horizontal fluorescente e vertical luminosa piscante. É o mínimo que vidas ameaçadas exigem! E, caso alguém venha a se acidentar, por conta daquela aberração, deve processar, criminalmente, a quem de direito!