IMPRENSA: A mídia golpista e o aliado inesperado

Thiago Martins
30/05/2013 às 15:21
Os grandes conglomerados de mídia do Brasil, que prestam o desserviço de desinformar e manipular a população, têm ganho aliados inesperados.

   Em entrevista nas páginas amarelas da nefasta revista Veja, o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT-BA), se presta a endossar as práticas de uma imprensa conservadora e golpista.

   Os conglomerados de mídia no país cumprem o papel de correia de transmissão dos reacionários em defesa do estado mínimo. Pelo arrocho salarial e precarização nas relações de trabalho. Contra os direitos sociais e a distribuição de renda. É exatamente contra isso que a CUT tem lutado, em defesa da comunicação como um direito humano elementar, que o Estado deve assegurar com políticas públicas específicas.

   Sobre a revista Veja, não é preciso muito esforço para definir um veículo que se presta a criminalizar os movimentos sociais e a luta pela reforma agrária. É a favor da privatização do que quer que seja, incluindo os setores de infra-estrutura. Faz uma campanha intermitente para desqualificar o programa Bolsa Família. Se posiciona contra as cotas e o Prouni. Abomina a PEC das domésticas.

   É nesse espaço conservador, que em recente entrevista, Wagner se sai com a pérola de que “O Brasil não começou com o PT” para endossar o discurso equivocado de confundir liberdade de expressão com liberdade de imprensa. Quando elegemos um candidato comprometido com um projeto alinhado ao movimento sindical, social e popular, não esperávamos esse tipo de conduta. 

   Estou certo de que o governador Jaques Wagner sabe a importância da comunicação como direito humano. A Bahia, sob o seu governo, foi o primeiro estado brasileiro a criar o Conselho de Comunicação, do qual a CUT faz parte. O Conselho está posto diante da necessidade de um regramento para o setor, como um espaço de disputa política e ideológica, no qual estão presentes representantes da sociedade civil, de empresários e do governo. Ao tentar parecer “menos radical” aos olhos dos conservadores e golpistas de plantão, Wagner se presta a desconstruir a luta que ele mesmo ajudou a elaborar enquanto um dos fundadores da Central Única dos Trabalhadores e do Partido dos Trabalhadores. Mais uma vez, da forma leviana à qual está acostumada, a revista Veja achincalha o movimento sindical e o PT, inventa subterfúgios para continuar apregoando os seus ideais reacionários e coloca como seu aliado o governador do PT.

    Num ponto Wagner tem razão: “Conteúdo é livre, cada um escreve o que pensa. A liberdade de expressão é um valor inatacável”. Infelizmente, os que se dizem defensores da liberdade de imprensa são os mesmos que se utilizam da mídia para manipular e desinformar. Se cada um escreve o que pensa, por que não ampliar a voz dos movimentos sociais? Esse é o questionamento.

   A nós, resta continuar mobilizados na campanha “para expressar a liberdade, uma nova lei para um novo tempo”, do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) por uma sociedade democrática, na qual um governador não tenha que apagar a sua história de luta para poder aparecer ao lado dos inimigos.