A BAHIA COMO LOCOMOTIVA PRINCIPAL DO NORDESTE

Yulo Oiticica
17/06/2010 às 13:00

Foto: AGECOM
Wagner adota a máxima do presidente Lula de distribuir para crescer
A Bahia é a locomotiva do Nordeste. Apesar da oposição, volta e meia, torcer
o nariz contra o desenvolvimento do estado, não perdemos o foco: o produto
interno bruto (PIB) da Bahia cresceu 9,5% no 1º trimestre de 2010, em
comparação ao mesmo período do ano anterior. Mas, ao contrário de outrora,
não apostamos na fórmula crescer para distribuir. O presidente Lula ensinou
para os gestores brasileiros que primeiro devemos distribuir para crescer. E
na Bahia não é diferente.

Em março deste ano, da Jordânia, o governador Jaques Wagner celebrou com o
presidente Lula, em missão ao Oriente Médio, os primeiros sinais de que a
política de atração de investimentos do estado transformava o maremoto das
elites conservadoras numa domesticada marolinha. A pesquisa do Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgada pelo Ministério do
Trabalho, apontava que a Bahia respondeu por nada mais, nada menos, do que
99% do saldo de empregos de toda a região Nordeste no primeiro bimestre
deste ano: 20.512 dos 20.543 novos postos de trabalho.

Gerar emprego é distribuir renda. O governo em pouco mais de 3 anos gerou
210 mil empregos de carteira assinada. Investir R$ 2 bilhões através do
Programa Bolsa Família na Bahia é distribuir renda. O Bolsa Família
representa 10% do orçamento do estado. A taxa da produção industrial baiana
teve crescimento de 15,9%, no acumulado de janeiro a abril deste ano - num
ritmo mais intenso que o registrado no último quadrimestre de 2009 (5%).
Frente a abril do ano passado, cresceu 24% no indicador mensal, sétima taxa
positiva consecutiva e a mais elevada desde novembro de 2004 (30%).

Mas, ao contrário do passado recente, quando os governos estimulavam uma
guerra fiscal desenfreada, sem qualquer parâmetro ético, nós optamos pelo
crescimento integrado do Nordeste. Por décadas imperou um revanchismo sem
razão entre os estados desta região. Um sentimento que pouco contribuiu para
o desenvolvimento deste lado do país. O governo Lula provocou um debate de
desconstrução deste discurso provinciano entre os estados nordestinos e
estimulou o fortalecimento de um bloco político, institucionalmente
representado pelo Fórum dos Governadores do Nordeste.

Não existe, portanto, uma liderança regional. Há um colegiado que combina o
jogo, acerta os ditames para as respectivas decisões, que devem confluir os
interesses. Como diria o vencedor do prêmio Nobel de Economia, John Nash: "O
melhor resultado ocorre quando as partes procuram a opção que
simultaneamente atenda seus anseios pessoais e o do grupo". Ou seja: é
inconcebível a ausência de regras no mercado. A falta de regras favorece os
aventureiros e oportunistas em prejuízo das verdadeiras empresas e
trabalhadores.

Noutra ocasião, a respeito da administração do Aeroporto Internacional de
Salvador, o governador Jaques Wagner respondeu aos críticos: "Quando
estiveram no poder, desde a época da ditadura, optaram por ser o último
vagão do trem do Sul, em vez de desejar ser a locomotiva do Nordeste".

Os outros estados nordestinos que apresentaram o PIB, a exemplo de
Pernambuco, 7,8%, e Ceará, com taxa de 8,9%, mostram que o Nordeste segue a
tendência de crescimento encontrada para o Brasil. A Bahia, com 9,5%,
espelha um otimismo do conjunto dos agentes econômicos juntamente com as
ações do governo, imprimindo maior ritmo à dinâmica da economia. Portanto,
hoje a Bahia é a locomotiva do Nordeste, mas, numa perspectiva consensual
com os demais estados.

*Yulo Oiticica é deputado estadual e presidente da Frente Parlamentar da
Juventude e da Assistência Social.